03/02/2009

Memória: fragmentos de vida


Fechou os olhos, sentia um aperto estranho no peito, palavras engatadas um pouco abaixo de um nó que insistia em sufocar e trazer o silêncio.
Tudo o que queria era poder dizer o que sentia, mas percebia que o todo o sentimento estava congelado em função da noite de inverno, que fazia seu corpo doer e tremer como um terremoto que destrói tudo ao redor e tira toda a estabilidade do firmamento.
Firmamento?
A cada passo adiante, com todo o infinito à sua frente, sentia o amargo em sua boca, lágrimas que escorriam uma a uma, numa lentidão que fazia apreciar seu sofrimento; talvez inconscientemente sabia que por trás de tudo aquilo, de alguma forma ainda desconhecida, haveria algo de muito mágico a acontecer.
Ao olhar para trás, via todo aquele firmamento sumir, cair num abismo a cada passo que dava, sendo impossível voltar, re-pensar nas suas escolhas. Não adiantava mais se arrepender.
A chuva e o vento forte confrontavam com seu corpo encolhido num sobretudo escuro. Parecia estar ‘remando contra a maré’. Ouvia sons semelhantes a choro, gemidos, lamúria... Aquilo incomodava. Tinha o costume de guardar pra si as dores, os amores...
Agora só restava o horizonte e o universo todo ao seu redor.
Como não ver?
Sentiu novamente aquele aperto, uma sensação estranha e, dentre todos os sentimentos vibrantes (muitas vezes confusos) que habitavam seu coração, soube distingui-lo muito bem: era a saudade.
Menos mal!
Olhou novamente por sobre os ombros, parou e virou de frente pro nada. Não tinha reparado ainda, que por cima de tudo aquilo, havia um horizonte brilhando, penetrante à sua visão.
As lembranças nunca caem por terra, permanecem sempre no mesmo lugar. Basta ter sensibilidade e vontade suficiente de querer encontrá-las e (re)encontrá-las sempre que se quer.
- A casa é sempre aberta às visitas. Dizia a Sª. Recordação.
Olhou novamente adiante, sentiu seus passos firmes. Sabia que tinha que cravá-los um a um no chão do presente com sensatez. Eles não voltariam mais.
Respirou bem fundo; as estações mudam, mas sempre, quando menos se espera, nos surpreendem; seja uma manhã chuvosa em pleno verão, seja numa onda de calor confortante que surge em plena tempestade ...

Acordou do sonho e se sentiu feliz por ter mais um dia inteirinho.
Mais feliz ainda por ter memória!

http://br.youtube.com/watch?v=7FQTGxw7uVo

27/01/2009

Presentes!


Bom, quem acompanha desde o início sabe que esse blog apenas reproduzia alguns poemas e crônicas...Na realidade eu sempre tive uma certa falta de aptidão pra organizar as idéias (e tenho até hoje rsrs) e poder, assim, escrever um texto que se preze...
Daí, um dia resolvi botar as 'manguinhas de fora' e criei coragem suficiente pra publicar o meu primeiro texto, que...salvo engano foi o SOLIDÃO... não lembro direito (que absurdo!)...
Bom, mas desde aí, as visitas aumentaram, tive a oportunidade de conhecer gente nova aqui pela blogosfera e me encantar com as coisas que escrevem... Tive também a sorte de...as pessoas que eu gostava, digamos que ler, acabarem gostando daqui também... e tudo terminou uma festa só... rsrs
Então, eis que aparece mais uma delas: o Leonardo. E me presenteia com 2 selos só de uma vez, praticamente.
O que eu tenho a dizer?
Ahhhhhhhh, o primeiro selo a gente nunca, jamais esquece!Obrigada, Leonardo.
Eis as regras e, mais abaixo, os meus escolhidos para ganhar também os selos:
1- Exiba a imagem do selo “Olha Que Blog Maneiro”.
2- Poste o link do blog que te indicou.
3- Indique 10 blogs de sua preferência.
4- Avise seus indicados.
5- Publique as regras.
6- Confira se os blogs indicados repassaram o selo e as regras.
7- Envie sua foto ou de um(a) amigo(a) para olhaquemaneiro@gmail.com juntamente com os 10 links dos blogs indicados para verificação. Caso os blogs tenham repassado o selo e as regras corretamente, dentro de alguns dias você receberá 1 caricatura em P&B.8- Só vale se todas as regras acima forem seguidas.
Os contemplados são:
É isso, agora repassem aos seus favoritos!

23/01/2009

Se foi...


Como as coisas são engraçadas...
No post passado, dizia sobre as escolhas e os rumos, talvez incertos, que elas nos levam...

No fim do ano, resolvi que iria mudar o layout do Blog. O lema era o mesmo: ano novo blog ‘novo’.
E sai, então, à procura de uma template que me agradasse o suficiente pra figurar por aqui. O fato é que não encontrava nada que se parecesse comigo. Achei uma ‘mais ou menos’ por aí, mas...sabem aquela sensação de falta, vazio? Era assim que me sentia. Era uma template insossa, sem graça...muito NORMAL.
Aí, caí no arrependimento, queria tanto ter feito backup da anterior, mas esqueci desse ‘detalhe’. E ficava me remoendo, me lastimando por não ter mais a template que tanto gostava...
Penso que seja assim quando alguma das coisas que tanto amamos se vai de nós. A princípio, quando elas ainda estão por perto, não se sente a falta, a saudade que nos faz valorizar e ver o quanto éramos mais felizes com a presença de...seja o que for, que já não é/está mais.
Acredito que a vida de muitos, assim como a minha, tem sido assim...cheia de lastima por não ter valorizado o que passou, por não ter vivido na totalidade os momentos, as pessoas que tanto fazem falta hoje... Às vezes fico me perguntando ‘por onde andei?’, onde é que eu tava que não pude perceber e valorizar o que realmente deveria...

E isso dói...
Mas, como nem tudo é perda...tenho uma boa notícia: ao menos a template da borboleta eu consegui reaver.
O resto?
Fica pra trás.
O mais importante, como diz a amiga Monique, é lembrar do passado, do quanto se foi feliz, e então, com ele conseguir ir pro futuro.
Quem sabe não se pode ser mais feliz ainda lá na frente?

17/01/2009

'Tudo novo de novo'


Fogos, champagne, branco, sete pulos nas ondas do mar...

Ela não entendia o porquê de tanta comemoração se, ainda que fosse a passagem de um ano para outro, tudo voltaria a ser como era antes (ou não?). Os amigos ainda seriam os mesmos, assim como a mesma casa, a mesma rotina, o mesmo desejo de mudança que permanecia ali, esperando – quem sabe?- a virada do ano, ou qualquer outra ocasião que lhe oferecesse ânimo e coragem suficientes para realizar aquelas modificações que se faziam cada vez mais latentes e necessárias em sua vida.

(...) Mas então ela resolveu cair no rito e estabelecer as tão sonhadas mudanças que eram planejadas há muito tempo:
Agora sim, ela trocaria de vida, de rumo; independentemente se a terra desse, ou não, mais uma ou duas voltas ao redor do sol. Sua vida mudaria e, de certa forma, ela andava preocupada com os rumos que ela poderia tomar. Talvez um novo amor, ou, quem sabe, um amor novo. Novos amigos, novas responsabilidades...
Tudo isso em mais 365 dias! Aí a sede pelo novo viria lhe visitar novamente e quem sabe, ela não iria aproveitar o ensejo pra desfazer as mudanças que realizou no ano anterior, e que por descuido, azar, ou destino... não vingaram...
Esse era o fascínio que a mudança trazia pra sua vida. A vantagem de poder construir, ou destruir, voltar atrás, refazendo os caminhos que já foram traçados, estabelecendo novas metas e escolhas...
Pra melhor talvez...
Mas o que ela não poderia, e nem queria fazer era deixar de ouvir a voz do seu coração, aquela que fala mais alto e que sempre (ainda que obedecê-la possa trazer um certo sofrimento) faz as coisas se encaixarem e se explicarem no final.

23/11/2008

Sobre o que não se vê


A julgar pela aparência pode-se ter o pré-conceito de determinadas pessoas, de situações e de coisas infindas...
Pode-se achar que quem mostra felicidade é realmente feliz, e nós sabemos que nem sempre é assim. Que, muito embora, se esteja rindo e cantando, lá dentro e bem no fundo o que se quer e o que se sente é o contrário. Aliás, abrindo aqui um parêntese, não entendo o porquê de essas pessoas agirem dessa forma e serem tão dissimuladas a ponto de escamotear suas fraquezas, as dores, as perdas. Isso parece querer mostrar superioridade ou algo do tipo. Mas isso não quer dizer que por motivos pessoais se deve estar sempre com a cara amarrada no trabalho ou em outro lugar que também traga a necessidade de assumir uma identidade diferente.
Pode-se pensar, ainda, que quem é tímido, fechado e introvertido é besta, mas (não generalizando, longe de mim!) se vê por aí que os sonsos são os piores...na verdade isso está presente nesses ditados, provérbios que a sociedade teima em reproduzir, mas que não se trata de uma via de regra, porque como diz Lulu Santos: “...o que eu ganho e o que eu perco ninguém precisa saber”... e, além disso, quem come quieto come sempre!
Enfim...pode-se inferir muitas coisas (in)fundamentadas de pessoas que nada têm a ver com o que os outros pensam que elas são.
Durante muito tempo eu me preocupava com o que as pessoas iriam pensar de mim...até que um dia, depois de algumas injustiças cometidas, eu percebi que não se deve buscar alternativas verossímeis para fatos concretos (porque é injustiça!), que a verdade sempre vem à tona e que mais ou menos hora, o momento das pessoas terem a oportunidade de tirar as suas próprias conclusões sempre chega. Sim, eu disse sempre!
Essa enrolação toda é pra tecer algumas considerações, analogias feitas acerca de um estudo, uma leitura associativa que tenho feito do Canto V da obra “Os Lusíadas” de Camões. Ixi, maria! Eu sei que a partir dessa informação algumas pessoas vão se lembrar da tia Mariquinha ou do saco que é ler essa obra e abandonar a leitura desse post. Mas, pros que continuam lendo (e eu sei quem é meu público!), vou adiantando que se trata de um assunto bem pertinente e plausível.
Como eu dizia lá no início, às vezes as atitudes ou comentários (aquelas fofocas maldosas) acabam gerando conceitos errôneos sobre determinadas pessoas e isso aconteceu com o pobre Gigante Adamastor e é aqui que eu quero chegar.
Sabe, assim como ele há muitas pessoas por aí que vivem demonstrando ser quem não se é, vivendo de aparências e máscaras de uma peça de teatro cujo fim todos nós sabemos, porque as máscaras sempre caem. Sim, eu disse sempre de novo!. E...que maravilha (!) que elas caem.
Assim como na realidade atual, há muitos séculos atrás, houve um personagem mítico, feio, de dentes encardidos que aparentava ser frio, durão, machão e ser totalmente desprovido de sentimentos (principalmente aqueles mais nobres como o amor). Até que um dia, eis que ele resolve expor seu “mundinho secreto” em que habitava um sentimento tão puro e tão despretensioso de malícia (eu quis dizer apelo sexual) por uma ninfa, uma “belezinha”: a Thétis, que possivelmente não era perfeita, aliás, provavelmente, e que não poderia ser julgada merecedora de um sentimento tão nobre por tão pouco, por uma característica tão efêmera e pouco satisfatória.
Mas ai é quem vem a minha indagação: quantos gigantes de pedra habitam em mim e em você? Quantas pessoas vivem tristes, seja por amores não correspondidos ou por tantas outras sensações que fazem nos sentirmos tão ínfimos e insignificantes? Ou, quantos “navegadores” dotados de uma significativa coragem e audácia (bem como os portugueses foram) seriam suficientes pra adentrar esse monte de pedra, que para outros é conhecido como coração, de um monte de gente por aí que vive no limite?

Isso me fez pensar...

Mas uma coisa eu sei - e não é só porque eu ouvi a vovó dizendo: Por trás de um 'casca grossa' carrancudo existe alguém com um coração bem mole!
É tudo uma questão de proteção e cada um tem a sua.






18/11/2008

Meme

Ganhei ontem da amiga Cami, um MEME (não sei a significação da palavra!) que consiste numa tarefinha que é enviada para os oito melhores blogueiros na opinião de quem recebe. Consiste ainda em listar as 8 coisas que queremos fazer antes de morrer.
Bom, lá vai a minha listagem:

1- Fazer, e concluir (é claro!) meu Doutorado em Lingüística Aplicada, de preferência pela UNICAMP.
2- Viajar, viajar e viajar muito. Tirar uma foto ao lado da estátua de Carlos Drummont lá no Rio (aquela que fica no calçadão!), conhecer, ao menos, uma cidade do sul...e uma no exterior (eu disse ao menos!)
3- Ser mãe! Talvez seja o meu maior sonho, mesmo sabendo que não estou preparada psicologicamente pra isso (rsrs). Ter dois filhos: Davi, Sophia e adotar a Josephine.
4- Comprar a MINHA CASA. Assim...bemmmm grande, com um quintal que tenha tamanho suficiente pra criar dois cães (um grande e um pequeno) e fazer churras nos fins de semana
5- Ser uma boa professora. Não tenho intenção de mudar o ensino e nem nada dessas utopias do gênero, mas, ainda assim, motivar e mostrar, de alguma forma, para os alunos alunos que nós podemos fazer a diferença e que estudar é a única solução pra quem almeja uma vida melhor e mais confortável no futuro.
6- Já ia esquecendo: conhecer o Nando Reis, subir no palco, cantar junto e dar um beijo (de língua rsrs) nele.
7- Poder expressar pras pessoas que amo, da forma que elas merecem, todo o meu sentimento!
8- E, como todos os outros falaram, ter dinheiro. Dinheiro suficiente pra fazer uma viagem por ano, pra pagar as minhas contas, comprar a minha casa, meu carro, meu sítio, minha casa na praia (pirei!) e fazer muitas, muitas compras no shopping (porque eu sou mulher e não sou de ferro!).

Abaixo os 8 Blog’s escolhidos pra, assim como eu, estar listando os 8 desejos.
Lembrando que vale a pena conferi-los.

Fernanda Elisa
Fragmentos de pensamentos
Literatura com café e chantilly
Minha terapeuta esta de Férias
Rima, Flor e Poesia
Sala de arte
Teimosa opinião
Vidas sonoras para nossas trilhas

14/11/2008

Untitled


Frágeis pensamentos que devaneiam entre a razão e emoção.
Buscas incessantes de conclusões para atitudes (in)conclusivas.
Reações indiretamente proporcionais aos apelos do coração.
Vozes que calam.
Sentimentos que gritam.
Até quando o homem de carne tem que se esconder numa armadura de ferro?



P.S.: Pessoas, a continuação desta postagem é aquela cujo título se chama: "sobre o que não se vê".

09/11/2008


Sentava-se num banco de praça e ficava observando as coisas ao seu redor atenciosamente. Era uma daquelas pessoas que não deixa os detalhes, aqueles pequenos detalhes, passarem em branco. Ela sabia ver a magia das coisas, se encantar com as pessoas, se alegrar com as pequenas demonstrações de afeto, carinho, atos gentis, sorrisos, olhares... Sabia da importância daquilo, sabia que era disso, dessa dose diária de observação, o que ela mais precisava pra ser feliz de fato.

Essa rotina, que fiz referência no post anterior, que cega os olhos, deixa tudo indiferente e tira a falta de tato, é uma das grandes responsáveis pela falta de beleza, de cor, de amor, ou seja, da felicidade na vida de algumas pessoas.
A correria e falta de tempo às vezes desbotam as cores da beleza, nos impedindo de ver a magia das coisas:
A magia presente em olhares, sorrisos das crianças.
A magia que rodeia a família na ceia de Natal e cria aquela sensação única de união e paz!
A magia do toque das mãos, corpos apaixonados que vibram, pulsam, latejam em ritmos praticamente (in)calculáveis.
A magia do pôr-do-sol, aquelas cores laranjadas e fortes que chamam a atenção pro fim de mais um dia, como se tivessem a pretensão de nos avisar...mostrar que nada pode passar em vão.
Magia das gargalhadas com os amigos (Jorge e Celina, pra vocês!) que estão ali, te mostrando que ainda há infindos motivos, até piadas sem graça, pra continuar rindo da vida, das pessoas, dos “micos”, dos professores (rsrsrs Amo vocês).
A magia das vozes e do que as pessoas proferem: Aquele seu amigo que liga preocupado no fim da noite só pra saber se você já almoçou e se está se alimentando direitinho(Aê, Marcão!). Aquela amiga que faz questão de saber como foi seu dia (Te amo, Monique!).
A voz de uma criança, o sorriso ingênuo e as demonstrações de afeto tão...especiais que somente elas sabem fazer.
A magia do que não é dito...
A magia de poder olhar e curtir o passado, ver fotos, cartas e achar graça só, lembrando, tendo a certeza de que se soube fazer valer a pena e, por isso, sentindo saudade.

SAUDADE!

A magia que entra pelos olhos, chega no coração e volta novamente por eles, escorrendo em forma de lágrimas a emoção de sentir falta de quem se ama e está longe...está longe...longe, mas perto o suficiente pra não ser esquecido. (saudade da minha família!).
A magia dos abraços, aqueles bem apertados, cheios de vibração.
A magia que a música nos traz, que nos traz mais perto as pessoas...dos momentos...

*A magia de abrir o e-mail e encontrar lá, entre aquelas piadas encaminhadas, um e-mail de quem se ama... (eu sei que você tem visitado meu blog, não esquece: eu te amo!), de quem teve coragem de ir além das barreiras do orgulho, da timidez. Tudo isso pra dizer o quanto você é especial e o quanto faz falta.

(Sem contar na força, vibe que algumas pessoas emanam, nos puxando pra frente e pra cima, nos encorajando a seguir adiante, quando nem elas possuem mais forças pra lutar. Obrigada, larissa, por toda a amizade e dedicação diária, por se encorajar de ir lá, em algum lugar, buscar as forças suficientes pra mim e pra você que também não tem passado por bons momentos. Te amo é pouco!)

"Essa magia colorida são coisas da vida!"

E você, já experimentou sentir a magia das coisas hoje?


Experimenta ser feliz!